segunda-feira, janeiro 28, 2008

A influência oriental ...


O budismo e o marketing, encontram-se na sua intenção, numa mesma linha de propósito, onde o primeiro procura patrocinar a cessação do sofrimento e o segundo elevar a satisfação dos seus públicos relacionais.

A cultura atomista separa-nos uns dos outros, isolando os que são diferentes por alguma razão,.., os critérios inclusivos dizem respeito à coerência entre o discurso e a prática em todos os seus detalhes. Do ponto de vista organizacional isto acontece a partir da visão do homem, enquanto sujeito de relações, que pode mudar a sua própria vida, bem como contribuir para a mudança das demais, sem colocar em causa a sustentabilidade da organização representada.

Aqueles que procuram compreender o budismo aprendem que a principal responsabilidade do ser humano passa pela libertação de todo o sofrimento (nirvana). Para o Zen esta possibilidade depende, em grande parte, da forma como se compreende o espaço que é deixado para a não mente, o wu-nien que permite a compreensão do subconsciente; ou daquilo que para outros, como é o caso da filosofia de Hui-neng, traduz a ideia de natureza-própria. A isto as neurociências chamam a realidade para além da física e da química do ser humano, no nosso entender a Inteligência Espiritual.

O budismo e o marketing, encontram-se na sua intenção, numa mesma linha de propósito, onde o primeiro procura patrocinar a cessação do sofrimento e o segundo elevar a satisfação dos seus públicos relacionais. Claro que do ponto de vista dos modelos de acção existe uma enorme dispersão de métodos.

No Dharma Marketing aprofundamos a aproximação à sabedoria humana (a prajna dos budistas) no que respeita o espaço da não-mente, a fase “inconsciente” da mente. Assim, no nosso modelo de trabalho agimos ao nível do conflito psicológico anterior à vontade humana, concentrando-nos, deste modo, no que é precedente à intencionalidade no homem, ou seja, anterior às necessidades, aos desejos e às motivações.

A sintonia com o princípio transcendente e transpessoal proporcionado pelo Dharma Marketing é um diferencial não espontâneo, a ser conquistado e desenvolvido tendo por base formação desenhada exclusivamente para as empresas, visando o desenvolvimento da Inteligência Espiritual. O primeiro passo a dar neste sentido será o de contratar recursos humanos com base em critérios inclusivos. Igualmente, cumpre às empresas apostar numa formação complementar em mind-sets, ou seja, em técnicas (adaptadas à realidade empresarial) que vão para além do discurso, visando a introdução da atenção plena na consciência organizacional, bem como no auto-conhecimento. Exemplos dessas técnicas são a Meditação Therevada e a Zen-budista de Thich Nhât Hanh, na busca de um estado de consciência que propicia a auto-compreensão e a paz interior; as práticas de refinamento espiritual do Seishin no Jutsu, que literalmente constituem a arte do espírito; a união com o todo do Ketsugo; a arte da concentração do Mokuso no Jutsu; a arte da estratégia do Heiho; a arte da liderança do Doshu no Jutsu. Não poderíamos deixar de referir a importância de alguns dos ensinamentos da arte do Arco Zen e do Raja Yoga.

A espiritualidade é anterior a todos os valores e a qualquer cultura, portanto tão antiga como a humanidade, assim sempre que pretendermos agir a este nível teremos de nos recorrer a práticas ancestrais como a meditação e todas as anteriormente referidas técnicas de refinamento espiritual.

A realidade a que nos referimos não poderá ser confundida com o simples exercício moral, ético, regimentar. De igual modo, as mudanças de que temos vindo a falar não poderão ser periféricas. Se assim for, no essencial, tudo permanecerá na mesma. Esta mudança não poderá ser em si mesma um fim, mas sim mais uma possibilidade de caminho, onde o Dharma Marketing se afirma como uma das ferramentas do marketing relacional.
Para o Dharma Marketing a mudança de que falamos não depende de questões formais. Modificar a atitude dos outros só será possível pelo exemplo. Então, deveremos pugnar por ser o exemplo da atitude que queremos ver nos nossos públicos relacionais.
Estas mudanças reflectem-se na busca do entendimento pacificador e profundo de sentido na transformação pessoal. Alguns exemplos práticos serão a liderança ao serviço – o gestor servidor inspirado pela gratidão, a humildade, o servir como a verdadeira natureza do ser; um elevado grau de consciência de si mesmo; a reacção ao Eu mais profundo; o uso e a transcendência das dificuldades; o ser espiritualmente inteligente; o aceitar a incerteza como princípio da inspiração criadora; a espontaneidade profunda e responsável; o activismo comunitário, etc..

Em jeito de conclusão repetimos a chamada de atenção para o facto destas propostas não significarem a perda do rigor intelectual ou a reverência crédula, despojada de sentido crítico, infelizmente tão comuns nos nossos dias, em especial quando falamos em espiritualidade.


Autor: PAULO VIEIRA DE CASTRO
Fonte: www.dharmamarketing.org
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